Nos últimos meses, o Partido Socialista (PS) tem sido o pilar da estabilidade política em Portugal. Desde a viabilização do Presidente da Assembleia da República até à rejeição de moções de censura e à aprovação do Orçamento do Estado, o PS manteve um compromisso firme com a governabilidade do país. Em contrapartida, Luís Montenegro parece obstinado em provocar uma crise política e forçar eleições antecipadas, ignorando a inevitabilidade do desfecho da sua moção de confiança.

A verdadeira questão nesta crise não é meramente política, mas também pessoal. Montenegro tem lidado de forma desastrosa com as suspeitas que envolvem a empresa Spinumviva. Desde o primeiro momento, falhou em apresentar explicações claras e documentos concretos que dissipassem as dúvidas sobre a legitimidade dos rendimentos auferidos e a natureza dos serviços prestados. Se não há irregularidades, por que razão não esclarece o país de forma rigorosa?

Os factos falam por si. Desde as eleições de 10 de março de 2024, o PS sempre deixou claro que não viabilizaria uma moção de confiança. Esta posição nunca foi um segredo e, no entanto, Montenegro avançou mesmo sabendo que a proposta seria chumbada. Porquê? A resposta parece óbvia: criar um ambiente de instabilidade política para escapar ao escrutínio da Comissão Parlamentar de Inquérito.

O primeiro-ministro não só falhou em esclarecer o seu caso pessoal como usou a crise como ferramenta política. Mesmo que a moção de confiança fosse aprovada, seria altamente provável que Montenegro apresentasse a sua demissão antes do início dos trabalhos da Comissão. Assim, em vez de enfrentar as dúvidas e responder ao país, escolheu um caminho perigoso: colocar Portugal em risco para salvaguardar a sua própria posição.

Eleições antecipadas nunca foram desejáveis, mas foram tornadas inevitáveis pelo próprio primeiro-ministro. Apresentar uma moção de confiança sabendo de antemão que seria rejeitada configura uma manobra política de fuga para a frente, um ato de desespero para desviar o foco da sua própria conduta. A instabilidade atual tem um único responsável: Luís Montenegro.

O que está em causa não é apenas a estabilidade política do país, mas também a credibilidade das instituições democráticas. Forçar eleições sem necessidade, num momento de incerteza, é um ato de irresponsabilidade que amofina a confiança dos cidadãos na classe política. Não há dúvidas: Montenegro escolheu a crise, e Portugal paga o preço dessa escolha.

O país não precisa de estratégias de distração ou de líderes que fujam às suas responsabilidades. Portugal e os portugueses precisam de transparência, responsabilidade e governabilidade. Cabe agora aos cidadãos avaliarem os verdadeiros motivos desta crise e decidirem se querem continuar a ser arrastados para um jogo político onde os interesses individuais se sobrepõem ao interesse nacional.

2 Comments

  1. Um retrato perfeito da etiologia desta crise evitável e da irresponsabilidade de quem a provocou!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *