Durante a campanha para as Legislativas de 2024, Luís Montenegro prometeu resolver os principais problemas do país num curto prazo de tempo. Prometeu fazer a economia portuguesa crescer muito mais, prometeu resolver todos os problemas da saúde, prometeu acabar com o elevado número de alunos sem aula, tudo isto enquanto manteria as contas públicas saudáveis. Passando um ano e perante novas eleições – causadas pela rejeição de Montenegro em se submeter ao escrutínio e pela crença deste de que é possível a AD aumentar a sua maioria –   é tempo de avaliar o trabalho deste governo, face às promessas realizadas.

Em fevereiro de 2024, o líder da AD prometeu que todos os portugueses teriam médico de família até 2025. Hoje, mais de um milhão e quinhentos mil portugueses não têm médico de família, um aumento face ao último ano. Prometeu resolver os problemas da organização das urgências hospitalares, mas a verdade é que o número de urgências fechadas aumentou e as muitas demissões nas administrações hospitalares, promovidas pela Ministra da Saúde para colocar militantes do PSD nesses cargos, vieram causar mais desorganização e travar a reforma que estava em curso. A juntar a estes números, existiu o grave caso da greve do INEM, onde a (in)ação política poderá ter sido responsável por várias mortes, sem que a Ministra da Saúde e o Primeiro-ministro tenham assumido qualquer responsabilidade até ao momento, nem sequer demonstrado empatia pelas vítimas.

Na questão da habitação, Luís Montenegro prometeu aumentar a oferta e facilitar o acesso à habitação, tanto pela via da compra de casa, como pela via do arrendamento. Mas o que o seu governo fez? Diminui os impostos que os jovens ricos – sim, ricos, porque a grande maioria dos jovens, que recebe menos de mil euros líquidos por mês, não consegue comprar casa – pagavam na compra de habitação, voltou a liberalizar o setor do alojamento local e introduziu mudanças no programa Porta 65, que ainda não apoiaram praticamente nenhum jovem, dado os atrasos de mais de seis meses nas respostas às candidaturas a este programa. No que estas medidas resultaram? No maior aumento de preços da habitação dos últimos anos, tornando Portugal no país onde é mais caro ter uma casa, ou seja, onde o custo da habitação tem um maior peso no rendimento das famílias.

Durante a última campanha, afirmaram que seria muito fácil meter a economia portuguesa a crescer muito mais e apelidavam de “medíocres” crescimentos económicos acima de 2% e acima da média da União Europeia. Hoje, celebram crescimentos económicos abaixo de 2%, como se fossem feitos gloriosos, isto enquanto o nosso principal parceiro económico, Espanha, cresce acima de 3% e apresenta um desempenho bem mais positivo do que  economia portuguesa, coisa rara nos últimos 10 anos. Passado um ano de governo da AD, a verdade é que a economia cresce menos, o emprego aumenta a uma velocidade inferior, o número de insolvências subiu e o desemprego jovem aumentou.

Em relação às finanças públicas, Luís Montenegro tinha prometido uma utopia: diminuição dos impostos (receita), aumento da despesa e contas públicas ainda mais saudáveis do que aquelas que encontrou. Recentemente, foram conhecidos os resultados económicos de 2024, e, apesar do excedente orçamental acima do previsto, o cenário apresentado é preocupante. Vejamos, a despesa corrente subiu muito acima do crescimento da receita, o que, mantendo este ritmo, se pode traduzir num saldo orçamental próximo de zero no final deste ano e o risco de entrarmos em défice no ano de 2026. Tendo em conta que o governo aprovou medidas que irão aumentar ainda mais a despesa corrente e diminuir o ritmo de crescimento da receita no presente ano, estamos mesmo perante um cenário preocupante. Neste século, é a primeira vez que temos a conjugação de três fatores: um momento de crescimento económico, a deterioração do saldo orçamental e o aumento da carga fiscal. Por norma, esta conjugação só se forma em anos que antecedem ciclos económicos negativos.

A avaliação do governo de Luís Montenegro, um ano após as promessas feitas na campanha eleitoral, revela uma realidade preocupante e desanimadora. Distribuída a folga orçamental herdada, o governo esgotou-se. Não há um plano credível para o desenvolvimento do país, para além da distribuição de dinheiro por algumas classes corporativas e da nomeação de quadros do PSD para cargos públicos. Os aspetos em que Portugal se destacava pela positiva estão hoje numa situação pior. Enquanto os problemas, que o país já enfrentava há um ano, agravaram-se.

O governo da Aliança Democrática é um governo sem rumo, sem futuro e sem sentido ético. É hora de mudar, é hora de Portugal voltar a ter um rumo de desenvolvimento, esperança e segurança.

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